Traficantes gostariam de se entregar à polícia, diz AfroReggae

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Rio de Janeiro - O coordenador executivo da organização não governamental (ONG) AfroReggae, José Júnior, disse hoje (27) que alguns traficantes gostariam de se entregar à polícia, mas que não são todos. As declarações foram dadas à imprensa depois que ele desceu do Complexo do Alemão, na Penha, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, onde homens das polícias Militar, Civil e Federal e das Forças Armadas armaram um cerco aos traficantes.

Muitos traficantes se refugiaram no Alemão, comunidade tida como bunker do tráfico depois do cerco da polícia à Vila Cruzeiro, comunidade vizinha, na última quinta-feira (25). “Alguns querem se entregar, outros não. Mas aquela famosa marra, eu não vi. Recomendei que se entregassem para evitar mais violência e um banho de sangue”, relatou José Júnior.

Pela manhã, a polícia deu um ultimato para que os traficantes se entreguem antes que as forças policiais ocupem o Alemão. José Júnior confirmou que o clima no morro está tenso, mas disse acreditar que o confronto “que todos estavam esperando não vai acontecer”.
Na tentativa de atuar como mediador da situação, o coordenador da ONG informou que conversou com várias pessoas do morro e se disse preocupado com a vida de moradores, policiais e traficantes. “Não quero que ninguém morra, até porque tem muito ex-traficante fazendo um bom trabalho no AfroReggae”.

José Júnior destacou que, no entanto, não se ofereceu para descer da comunidade com nenhum criminoso ou levar qualquer pedido dos traficantes às autoridades. Pelo seu ativismo para evitar conflitos entre o tráfico e a polícia, José Júnior ainda denunciou que tem sido alvo de lideranças criminosas que estão em penitenciárias federais.

A polícias e o Exército continuam ocupando todos os acessos ao Morro do Alemão e revistando todos os moradores na entrada e na saída. Muitas pessoas deixaram a comunidade ao longo do dia, assustadas com as constantes trocas de tiros. Até o fechamento desta reportagem, não tinha sido descartada a possibilidade de uma ocupação ainda hoje. As Forças Armadas cederam equipamentos de visão noturna para os policiais.

Agência Brasil

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