Mosquito transgênico da dengue passa para 2ª etapa de testes.

A segunda etapa de testes do mosquito transgênico da dengue, chamada Projeto Jacobina, já está em andamento e deve apresentar ótimos resultados dentro de alguns anos, necessários para avaliar o nível de impacto na transmissão da doença. Após comprovação do sucesso da disseminação desses mosquitos no meio ambiente, serão feitos novos testes de dispersão na cidade de Jacobina, BA, de forma a estimar as taxas de sucesso da transgenia.

Dra. Margareth Capurro, professora associada ao Departamento de Parasitologia do ICB-USP e palestrante durante o VIII Congresso Brasileiro de Biossegurança, que se encerra hoje em Salvador, explica como os mosquitos Aedes aegypti tiveram seu genoma modificado em laboratório e quais resultados podem ser obtidos para o combate da dengue.

O estudo realizado com os vetores responsáveis pela transmissão da doença foi dividido em duas partes. A primeira etapa está em processo final e tratou de selecionar quatro vilas isoladas da Região da Bahia para ver como os mosquitos machos se comportavam no ambiente, se voavam bem e se copulavam com as fêmeas.

“Para apresentar resultados, temos de monitorar a cidade toda e soltar populações de mosquitos em polos estratégicos. Não é do dia pra noite que se produz 5 ou 10 milhões de insetos, isso toma tempo e temos uma escala da crescimento desses mosquitos” afirma a Profa. Margareth, coordenadora científica do projeto. “Além disso, é importante que a ação caminhe junto com o tratamento de prevenção na cidade”.

A especialista afirma que, uma vez que a técnica apresente resultados eficientes e a prática seja aprovada como forma de controle federal, é preciso que haja estratégias para controle em todos os estados. “É necessário sentar e pensar muito bem a forma de agir. Caso contrário, perde-se todo o esforço no projeto”, diz a professora. Ela comenta que a técnica e o pensamento são novos e têm um potencial muito bom. “Há mais de 50 anos não se faz uma descoberta milagrosa nesta área. A última foi o DDT, e a minha equipe está empenhada em fazer história”.

Usando como exemplo Singapura, que diminuiu muito a quantidade de mosquitos na região a partir de uma grande campanha, a professora conclui que uma melhoria na qualidade de vida dos brasileiros, com distribuição de água adequada, saneamento básico e, principalmente, a conscientização quanto à prevenção individual, são também questões chaves para diminuir muito a presença da dengue no Brasil. - Fonte: Barcelona Soluções Corporativas.