Contas do governo fecham com primeiro resultado negativo em 18 anos.

Em 2014, as contas do governo terminaram o ano no negativo. O déficit foi de R$ 17,2 bilhões, o pior resultado desde que o Tesouro Nacional começou a fazer o cálculo, em 1997. Em 2013, o resultado tinha sido positivo em quase R$ 77 bilhões. O rombo do ano passado aconteceu porque o governou gastou demais. Enquanto as despesas cresceram quase 13%, as receitas aumentaram apenas 3,6%, tudo isso em um ano eleitoral em que o governo tentou de tudo para fechar a conta no azul.


O governo gastou muito, fez repasses para a conta do setor elétrico e arrecadou pouco. Só em desonerações, o governo deixou de receber mais de FR$ 100 bilhões em impostos. “Levou muito tempo para se deixar clara essa situação, para tornar mais transparente o resultado das contas do Tesouro”, analisa Roberto Piscitelli, economista da UnB. No início de 2014, a equipe econômica do então ministro Guido Mantega informou que o objetivo para as contas de todo o setor público (governo federal, estados e municípios) seria de uma economia de R$ 99 bilhões, de 1,9% do PIB.

Mas, em novembro, o governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional para alterar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e abandonar a meta fiscal definida. A nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff já projetou uma meta de superávit primário para 2015: R$ 66,3 bilhões, o que representa 1,2% do PIB. Mas, com o resultado de 2014, o ajuste das contas públicas pode ficar mais complicado.

“O conjunto de medidas adotadas tem componentes inflacionários e recessivos, tanto as medidas de caráter fiscal como monetário. O que a gente não sabe é a duração desse aperto e o grau de intensidade em que isso vai afetar a economia ou a disposição dos agentes econômicos”, diz Roberto Piscitelli, economista da UnB.

   

Fonte: Jornal da Globo