Estado Islâmico quer trocar jornalista japonês por jihadista iraquiana.

Na tarde de sábado (24), circulou pela internet um vídeo divulgado pelo grupo Estado Islâmico (EI) em que os terroristas afirmavam ter executado um dos reféns japoneses que mantinham prisioneiros. Nas imagens, o jornalista Kenji Goto – um dos prisioneiros – segurava uma foto de Haruna Yukawa decapitado. A autenticidade do vídeo não foi confirmada. Mesmo assim, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe disse, na manhã deste domingo (25), que a credibilidade é alta. "Estamos verificando sua autenticidade, mas infelizmente no momento não podemos deixar de dizer que a credibilidade é alta", disse Abe à emissora " NHK, de acordo com o G1.

O Estado Islâmico pedira o pagamento de U$200 milhões para poupar os reféns. O governo japonês se recusou a pagar. Agora, para salvar a vida de Kenji Goto, o grupo decidiu mudar a natureza da barganha: O EI pede que uma terrorista condenada na Jordânia seja libertada. A mensagem é dada no mesmo vídeo que revela a decapitação de Yukawa. Nele, a voz de Goto – ou de alguém que se passa por ele – diz que o governo japonês é responsável pela execução de Yukawa. A seguir, Goto diz que sua libertação depende da disposição do governo para libertar Sajida al-Rishawi. Mas, quem é ela?


Em 2005, um ataque terrorista deixou  mortos em um complexo de hotéis na Jordânia. AL-Rishawi era uma das mulheres-bombas a participar do crime. Seus explosivos não funcionaram. “Acontecia um casamento no hotel”, disse ela durante sua confissão. “Havia homens, mulheres e crianças”. Ela sobreviveu e foi capturada. Pelo menos 57 pessoas morreram .

De acordo com a CNN, AL-Rishawi esteve fora de vista pelos últimos nove anos, passados em uma prisão na Jordânia. Sentenciada à morte em 2006, sua pena foi protelada. Segundo contou às autoridades jordanianas, AL-Rishawi participou do atentado sob o comando de seu marido Hussein Ali al-Shamari. Iraquianos, ambos viajaram para a Jordânia usando passaportes falsos.
Na época do atentado, o governo da Jordânia responsabilizou a Al Qaeda iraquiana pelo crime. Foi também a Al  Qaeda que, segundo especialistas consultados pela CNN, assegurou a conexão de al-Rishawi com o Estado Islâmico. Naquela época, a Al-Qaeda no Iraque era comandada por Abu Musab al-Zarqawi, morto em 2006 depois de um ataque americano. al-Rishawi é irmã do braço direito de al-Zarqawi. Por isso, é possível que conhecesse o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi. Ele era também um comandado próximo de al-Zarqawi. O Estado Islâmico surgiu em 2004 dentro da AL Qaeda iraquiana, mas os dois grupos cortaram laços. Segundo a CNN, a libertação de al-Rishawi é importante para o EI, que poderá usá-la  como parte de sua estratégia de propaganda.

   

Fonte: Exame