162ª Corrida de Santo Antônio: um desafio de fé, suor e superação aos 51 anos
Neste domingo, participei da 162ª Corrida de Santo Antônio em Campos dos Goytacazes, um evento tradicional que mistura esporte, fé e história. Foram mais de 160 edições de uma prova que atravessa gerações, e desta vez, aos 51 anos, tive o privilégio de cruzar a linha de chegada como parte dessa incrível jornada.
Confesso: a expectativa estava alta. Já na véspera, senti aquele frio na barriga que só quem corre sabe o que é. A preparação física e mental vinha sendo construída nos treinos semanais, e mesmo sem estar inscrito em categoria por faixa etária — algo que senti falta —, fui para a largada com o coração acelerado e os pés prontos para o desafio.
O dia da corrida
O clima, para minha surpresa, colaborou além do esperado. O sol apareceu de forma tímida, mas o céu permaneceu nublado durante a maior parte do tempo, o que tornou a corrida mais dinâmica e confortável. Sem o calor intenso sobre a pele, o corpo respondeu melhor aos estímulos do ritmo e da altimetria. Era como se a natureza dissesse: “Vai lá, é seu momento”.
A largada foi intensa. A multidão de corredores, de todas as idades e níveis de preparo, avançou com energia pelas ruas da cidade, embalados pelo entusiasmo do público e pela música nos alto-falantes.
Como corredor amador, sei bem a importância de respeitar meu ritmo, mas também de escutar o corpo e responder aos estímulos do momento. No primeiro quilômetro, usei o tempo para me aquecer (pace de 5:39), mas já no segundo soltei as pernas e engatei um ritmo mais forte, girando perto dos 4:25 por quilômetro. O percurso teve trechos de subida e descida, alternando exigência física e técnica.
Durante a prova, experimentei sensações que só a corrida é capaz de proporcionar: o prazer da superação, a leveza dos momentos em que o corpo entra em "flow", e também o incômodo da dor, que surge mas não me paralisa. Cada passo era um lembrete de que estou vivo, ativo e no meu melhor momento, mesmo aos 51 anos.
Um final com sabor agridoce
Terminei os 4,3 km com um tempo excelente: aproximadamente 22 minutos e 39 segundos. Um resultado que me deixou extremamente satisfeito, considerando o percurso e a altimetria. No entanto, tive uma decepção ao final: meu chip de cronometragem não foi identificado. Por algum motivo técnico, meu tempo não apareceu no resultado oficial da prova.
Essa falha me impediu de constar entre os concluintes da edição — um detalhe que, para muitos, pode parecer pequeno, mas que para nós, corredores, tem um valor simbólico. É o reconhecimento do esforço, da dedicação, da jornada pessoal até ali. Ainda assim, optei por não deixar que isso apagasse minha conquista.
Correr após os 50: mais que esporte, é resistência
Participar da Corrida de Santo Antônio neste momento da vida é, para mim, um ato de resistência. Não há mais troféus para mim — não quando não há categorias por faixa etária — mas há algo maior: o sentido de pertencimento, superação e continuidade. Corro por mim, pela minha saúde, pela inspiração que posso levar a outros corredores maduros.
Hoje, mais do que nunca, sei que não é preciso subir no pódio para vencer. Estar na pista já é uma vitória.
E que venham as próximas corridas!
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