Pular para o conteúdo principal

Fiocruz amplia projeto com mosquitos da dengue modificados.

Após um ano de testes com mosquitos da dengue modificados em laboratório, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ampliou a área de atuação do projeto no Rio de Janeiro. O bairro de Jurujuba, em Niterói, região metropolitana, tem recebido desde agosto milhares de ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, encontrada no meio ambiente e capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito.

A experiência faz parte do projeto 'Eliminar a Dengue: Desafio Brasil', que começou há cerca de um ano no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Neste bairro moram 3 mil pessoas. Conforme o projeto, foram liberados, durante quatro meses, aproximadamente 10  mil mosquitos modificados com a bactéria.


Com base na experiência na Ilha do Governador, os cientistas adotaram nova metodologia em Jurujuba, onde vivem cerca de 2 mil pessoas. Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e coordenador do projeto no Brasil, explicou que, em Jurujuba, ovos do mosquito com a bactéria foram liberados em pequenos baldes. A experiência ocorreu em 80 residências que aceitaram colaborar com a iniciativa.

“É um método mais simples e mais barato e, em termos de logística, podemos facilitar bastante o processo de soltar o mosquito com Wolbachia. Esta metodologia pode ser utilizada no futuro em outras áreas do Brasil”, disse ele ao destacar que os resultados são promissores. Cerca de metade da população dos mosquitos em Jurujuba já está infectada com a bactéria. “Como a Wolbachia é transmitida pela mãe aos filhotes, não há necessidade de liberação permanente de Aedes aegypti com Wolbachia, então esperamos chegar a 100% dos mosquitos com a bactéria”.

Embora não haja prazo para aplicação desta metodologia, o pesquisador mencionou que, na Austrália, onde a experiência teve início em 2009, 100% dos mosquitos da dengue nas áreas de testes estão infectados com Wolbachia. Em Tubiacanga, após 20 semanas de liberação de mosquitos, 65% dos mosquitos Aedes Aegypti continham a bactéria Wolbachia.

Na fase de monitoramento, o percentual de mosquitos com a bactéria teve queda de 15% em agosto passado. O verão atípico, com altas temperaturas e pouquíssima chuva, é uma das explicações para a morte dos mosquitos de laboratório.

“Além disso, nossos mosquitos eram mais suscetíveis a inseticidas em comparação com os mosquitos locais”, comentou Moreira. “Isso trouxe uma informação nova e foi muito positiva para o projeto. Durante este ano, cruzamos os mosquitos infectados com a bactéria com os mosquitos de Tubiacanga, que agora estão mais resistentes aos inseticidas. A população com Wolbachia já está em 50% após novas liberações de ovos e de mosquitos em agosto”.

O pesquisador ressaltou que, quando a população de Aedes Aegypti chegar a 100%, será possível passar para o próximo passo: avaliar se houve queda no número de casos de dengue.

Os testes de campo no Brasil foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), após avaliação sobre a segurança para a saúde e o meio ambiente.

Além do financiamento da Fiocruz, feito pelo Ministério da Saúde, o projeto brasileiro também recebe verbas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). As secretarias municipais de Saúde de Niterói e do Rio atuam como parceiras locais na implantação do projeto.

A Wolbachia está presente em cerca de 60% dos insetos no mundo, incluindo diversas espécies de mosquitos, como o pernilongo, e não apresenta risco para a saúde humana ou para o ambiente. É uma bactéria intracelular, transmitida de mãe para filho no processo de reprodução dos mosquitos e não durante a picada do Aedes em ser humano.

A pesquisa com a bactéria também está sendo desenvolvida no Vietnã e na Indonésia.

Fonte: Agência Brasil.

Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus amigos corredores! 🏃‍♂️💬

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Plano de Treino para Correr 5 km: Uma Jornada para Iniciantes

Correr 5 km é uma meta popular e alcançável para muitos iniciantes que desejam melhorar a saúde, ganhar resistência e aumentar a disposição. Esta distância é uma ótima maneira de começar, pois traz benefícios para o corpo e para a mente, sem exigir um preparo extremo. Para alcançar esse objetivo com sucesso, é essencial ter um plano de treino bem estruturado, que respeite o condicionamento físico de cada pessoa e permita um progresso gradual e seguro. Este plano de treino foi elaborado para quem está começando, incluindo uma combinação de caminhada, trote e corrida para preparar o corpo aos poucos. Ele é ideal para quem deseja correr 5 km em cerca de oito semanas, mas lembre-se de que cada pessoa evolui em seu próprio ritmo. Além disso, realizar alongamentos e aquecer o corpo antes de cada treino é essencial para prevenir lesões. Confira o plano semanal e acompanhe sua evolução com foco e persistência. Estrutura do Plano de Treino Objetivo: Correr 5 km em 8 semanas. Frequência: 3 dias ...

A Corrida de Rua é um Passo de Cada Vez: A Psicologia por Trás da Constância

Na essência, a corrida de rua é uma metáfora poderosa da vida: nenhum resultado acontece de repente — tudo é construído passo a passo. Esse princípio, embora simples, carrega um peso psicológico profundo que pode transformar tanto o corpo quanto a mente de quem escolhe correr. Do ponto de vista psicológico, o ser humano tende a superestimar o que pode fazer em curto prazo e subestimar o que pode alcançar com constância. Esse viés cognitivo, conhecido como falácia do planejamento, alimenta a ansiedade por resultados imediatos e o consequente abandono diante da frustração. É aí que a corrida de rua se apresenta não apenas como uma prática esportiva, mas como um antídoto contra essa lógica apressada. Ao colocar um pé na frente do outro, o corredor aprende a confiar no processo. O cérebro começa a associar esforço contínuo a progresso, ainda que lento. Cada quilômetro vencido reprograma a mente para valorizar a disciplina em vez da pressa. A corrida se torna um laboratório da resiliência:...

Álcool e Corrida de Rua: Uma Combinação Perigosa para o Desempenho e a Saúde

O consumo de álcool e seus efeitos no desempenho esportivo, especificamente na corrida de rua , é um tema de constante debate entre atletas e profissionais de saúde. Embora muitos corredores considerem o consumo moderado como inofensivo, a ciência demonstra que os efeitos do álcool podem prejudicar o desempenho de diversas maneiras, além disso, contribuindo para um aumento no risco de lesões. Primeiramente, no que tange à hidratação, o álcool é um diurético, o que significa que ele aumenta a produção de urina. Em outras palavras, seu consumo leva à perda de fluidos e eletrólitos essenciais, comprometendo a capacidade do corpo de se hidratar adequadamente. Para um corredor, a desidratação é um fator crítico que pode reduzir o volume sanguíneo, elevar a frequência cardíaca e, por conseguinte, diminuir a resistência e o desempenho geral. Ademais, o álcool interfere diretamente na recuperação muscular. Após uma corrida, os músculos precisam de tempo e nutrição para reparar as microlesões c...