Antônia Leitão – Uma política idealista na alma de uma campista sonhadora.

Lição de vida – Um presente especial. Recebi um convite irrecusável. Esse blogueiro teve a oportunidade de entrevistar uma ilustre cidadã campista que mantém acesa no peito seu amor por sua terra natal.

Dona Antônia Leitão, é uma jovem senhora de 91 anos de idade, mestra e escritora, formou-se no Liceu de Humanidades de Campos, em 1940. Antônia ocupou uma das cadeiras do Poder Legislativo, e na ocasião quebrou todos os paradigmas. Foi eleita em 1972, e com muita labuta cumpriu seu mandato até 1976.

Equipe Momento Verdadeiro - Dona Antônia Leitão é entrevistada pelo blogueiro Washington Luiz
Blogueiro – Primeiro gostaríamos de agradecer a senhora por essa oportunidade, e ressaltar o quanto nos honra poder aprender um pouco mais com uma mestra tão especial. Dona Antônia, com relação ao tempo que exerceu a função de vereadora, quais foram as maiores dificuldades daquela época?

D. Antonia Leitão – Muito obrigada, eu quem agradeço por estar aqui disposto a ouvir uma experiente anciã. Bom! Posso dizer que não tive dificuldade para exercer a missão que abracei, pois organizei uma plataforma política e a segui rigorosamente a risca. Na Câmara apresentei 400 requerimentos, dos quais destaco a obrigatoriedade do ensino de corografia (estudo geográfico de um país ou de uma de suas regiões.), a história de Campos nos primórdios da colonização pelos portugueses, projeto que se transformou em Lei, mas até hoje não foi aplicado, por isso lancei um livro cujo titulo é “Campos dos Goytacazes de sua própria História” – contando o que os portugueses fizeram por aqui e considerando execrável a dinastia dos Assecas. 

Blogueiro – Fazendo um paralelo daquela época com a atual, o que a senhora pode pontuar como avanço?

D. Antônia Leitão – Com relação ao desenvolvimento da terra e melhores condições para o povo. Há, para mim um empate. Os portugueses eram movidos pela ambição de conquistar nossas terras férteis, inclusive com a matança de alguns elementos do povo, quando foi por ocasião do primeiro grito de amor dado naquela época.  E hoje não é diferente. Vejo má vontade, falta de cumprimento das promessas de campanha. O sumiço dos recursos originados dos royalties de petróleo que os campistas gostariam de saber para onde foram, ou, como comumente se diz: “onde as acarás dormem?” enfim cadê o progresso de Campos?

Blogueiro – Já que a senhora está falando em progresso, em qual época a senhora considera que tivemos avanços mais significativos para cidade?

D. Antônia Leitão – Para responder sua pergunta podemos traçar um perfil comparativo. O grande número de usinas fez com que Campos fosse projetada no cenário nacional como uma das maiores produtoras de açúcar, isso gerava empregos na zona rural e urbana. Hoje com a exploração de petróleo era de se esperar que a cidade que oferece cerca de 82% do petróleo em todo o país,  oferecesse também melhores condições de vida para sua população. Onde está o beneficiamento e aproveitamento desses recursos? Isso é segredo guardado a sete chaves...

Blogueiro – Então vereadora, do ponto de vista da senhora o que poderia ser feito para mudar esse quadro ?

D. Antônia Leitão – Que por ocasião das eleições os partidos políticos tivessem o cuidado de escolher candidatos comprovadamente honestos, bairristas, que cujo propósito fosse de governar com dignidade e respeito. Acima de tudo mostrando que são verdadeiramente transparentes em sua essência.

Blogueiro – Para finalizar. Nosso país está amadurecendo a cada dia, as mudanças demográficas, afinal nossa população está vivendo cada vez mais, isso muda também o perfil do povo brasileiro, como confirma o IBGE. Diante desse quadro o que a senhora diria as autoridades?

D. Antônia Leitão – Como você acabou de citar, já se passaram nove décadas, estou com 91 anos, sou idosa, embora estou morando sozinha, por opção, para poupar o trabalho às pessoas jovens da família. Anseio pela construção de um asilo para idosos em minha terra, Campos dos Goytacazes. Não um local qualquer onde se joga os idosos, mas asilo de primeiro mundo, bem equipado, o que seria uma maneira de respeitar os idosos como eles realmente merecem. Tal construção será proveitosa para terceira idade além de valorizar os princípios dos direitos dos idosos, que para mim, ainda não saiu do papel. Finalizou D. Antônia.


Considerações finais - Quando recebi esse convite o abracei sabendo que seria mais do que uma simples entrevista, seria reviver a história através das reminiscências de uma página que permanece viva em nossa planície goitacá. Que Deus abençoe a D. Antônia, lhe concedendo saúde, paz e longevidade.

Por: Washington Luiz

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