O reencontro...


A dura realidade que nasceu de uma utopia.

Capítulo 8 - As férias serviu para recuperá-lo, mas nada foi mais importante que o encontro com sua mãe.
  
Era a certeza da mudança, aproveitá-lo-ia  para reconstruir o mundo utópico, além de que muito teria a oferecer em contribuição daquela unidade militar cujo seu trabalho era importantíssimo.

Voltou à Caserna e fora bem recebido, os Sargentos, Cabos, Soldados e Oficiais gostavam muito de Nilson e aproveitaram para intera-lo dos fatos mais dignos de apreço.

Pois havia saído sua transferência para o PQMREX,  e como foi elogiado pelo CMT do Batalhão para o GEN. de Exército Marildo Gonsales Neto que com satisfação agredeceu em BI, além de ordenar a publicação em Diário Oficial em seu louvor.

Legal explanar como um menino que saiu da terra dos Índios Goytacazes, desacreditado, ingênuo conseguira vencer pelo menos uma fase difícil das muitas que ainda viriam...

  Janeiro, fevereiro, março, abril... 1995, 1996 ...

Caro leitor nada havia mudado neste período, até que na rotina do aquartelamento, Nilson sentira necessidade de construir uma família, a partir daí começamos uma nova fase desta história.

Era um belo dia ensolarado, Nilson de folga resolveu ir ao corraba, lembram-se do barraco onde morava o Cristóvão e Marcelo.

O céu azul sem uma nuvem convidava para um mergulho.

Nilson resolveu chamar Marcelo e Cristóvão para tal:

-   Não poderei, pois tenho que entregar este carro amanhã e como realmente está com a lataria cheia de podres ( termo usado pelos lanterneiros com relação a danos provocados pela oxidação na parte metálica do carro), sabe o dono abandonou na maresia e quando encosto o maçarico piora cada vez mais, mas com sorte conseguirei cumprir o prazo, como sabe palavra de homem vale, eu garanti, cumpro.
-   Tudo bem! Marcelo, boa sorte você viu o Cristóvão?
-   Tá na Igreja.
-   Legal, converteu-se ao Cristianismo.
-   É, tá nessa de crente.
-   Bom, é melhor estar na igreja do que na farra.

  Pensava, enquanto lembrava-se da oportunidade concedida ao Sérgio, alguns dias antes da catástrofe sofrida pelo amigo.

-   Oh rapaz! Por que não convida o Fernando para ir à praia?
-   Poxa! O Fernandinho chegou.
-   Chegou ontem, e vai passar trinta dias conosco.
-   Onde está?
-   Pedi para comprar arame de solda, mas já está voltando tem mais ou menos 15 minutos que foi.
-   Então vou esperá-lo.

Conversa vai e vem, chegou Fernandinho...

-   E aí Nilson, beleza, tudo bem?
-   Tudo bem. Como estão as cousas em Campos?
-  Tranqüila, parece que pelo menos na política não houve novidade desde sua partida, o “Ubiratãsinho” (pseudônimo do prefeito)  continua no poder.

-   Pois é, como as pessoas aproveitam-se do sensacionalismo para ludibriar os humildes, mas  política, futebol e religião não se discute, ponha a sunga e vamos.

- Tá legal.

Ambos partiram triunfantes e alegres para à praia e como podemos imaginar, não eram poucas as molecagens que faziam pelo caminho, Fernandinho era típico roceiro, aparência robusta, mãos calejadas, cutâneo bem avermelhado de tanto labutar no canavial pois como tinha pouca instrução, faltava-lhe qualificação para um emprego melhor, mas era dotado de um belíssimo interior, sua humildade fazia notório seu caráter.

  Nilson muito moleque disse:

-   Qual é Fernandinho presta atenção, e quando o Metrô passar de Sinal, se não vai  direto e depois demora até vir outro?
-   Tá bom.
-   Opá! Brincadeirinha.
-   Queria me pegar né?
-   Iria brincar contigo, mas como está cheio de gatinhas na estação não poderia deixá-lo servir de chacota para rirem de você.
-
Deixá-lo-ia pagar mico, quando ficou com ressentimento, sabia que  parava  em todas as estações pois é previsto mesmo que não haja embarque ou desembarque.

- Vou descupá-lo, porém prometa não expor-me ao ridículo por ser do interior tá.
- Desculpa, mil desculpas você é maneiro cara.
  Foram para Copacabana, mas o mar apresentava uma ressaca violenta e mal puderam molhar os pés, então Nilson sugeriu, vamos para o Flamengo.
  Fernandinho que nada conhecia, tudo era novidade abriu um sorriso e falou:

-   É a praia do meu time, deve ser linda já posso imaginar aquele horizonte azul, e aquelas águas clarinhas refletindo nossos pés, além daquele mundaréu de belas sereias, com seus corpos untados de urucum sendo aquecidos pelo astro rei.
-- Vá devagar é bonita sim, mas nem tanto rapaz é perto da Glória, as águas são da Baia de Guanabara, sabe aquela por onde você passou quando atravessou pela ponte Rio-Niterói lembra.
-- Lembro, é o cartão postal da chegada ao Rio como poderia esquecer.
  Chegaram por volta das 2h, para um sabado até que estava lotada, acho que todos fugiam da ressaca violenta das belas praias.

-   Vamos beber uma gelada “ hermano”?
-- Que isso, tá me encarnando de novo.
-- Não apenas disse para bebermos uma cerveja.
-- Isso entendi, mas você me chamou de que?
-- Irmão em espanhol cara.
-- Tudo bem.
-- Vamos azarar alguma gata, já é?
-- Cê é cheio de gíria em rapaz.
-- Olhe aquela mina ali deitada tá vendo?
-- Como é bonita, uma bela morena parece ter uns quinze aninhos heim.
-- Olha, preste atenção se sou bonito mesmo, vou fazer um sinal para que venha aqui.
-- Caramba, uai, cê é convencido mesmo heim.
-- Oi! Qual seu nome?
-- Jussara, e o seu?
-- Nilson, muito prazer, seu cumprimento foi logo um beijo na boca.
- Que isso! Aqui as coisas são avançadas mesmo.
  Espantou-se Fernandinho que abobado olhava aquela cena novelesca.
- Desculpe-me este é Fernando, meu irmão.
- Muito prazer moça, tudo bom?
- Legal, você é de onde?
- Do interior de Campos.
- Jussara, quem é aquela mina ali?
- Minha prima, Simone.
Depois de cochichar, Nilson pediu para que apresenta-se a prima ao Fernandinho que além de tudo era tímido.
- Tá legal, Simone chega aí?
- Esses são Nilson e Fernando.
- Muito prazer.
Trocaram beijos no rosto e Nilson como sempre desinibido, convidou as meninas para um sorvetinho depois da praia, e daí em diante as cousas iriam se acertar...

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Autor: Washington Luiz

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