Irmã do rei da Espanha pode acabar no banco dos réus, diz jornal.


O juiz de instrução do caso de suposta corrupção que abalou a família real espanhola manteve nesta quarta-feira o indiciamento da infanta Cristina de Borbónirmã do rei de Espanha, o que abre caminho para o julgamento apenas seis dias depois da proclamação de, Felipe VI, como novo rei. Ela deve ser julgada por delito fiscal e desvio de dinheiro público, concluiu um juiz que há mais de três anos investiga os negócios ilegais do marido no caso Nóos. As consequências desse caso constituem um dos primeiros problemas que o novo monarca Felipe VI deve enfrentar, depois de assumir o trono em 19 de junho.

O auto de acusação divulgado esta quarta-feira considera a infanta responsável por um delito contra as Finanças e cúmplice de dois delitos fiscais imputados ao marido, Iñaki Urdangarin, suspeito de desviar milhões de euros de dinheiro público. O juiz José Castro, do Tribunal de Palma de Maiorca, entende que há "indícios suficientes" de que colaborou com o marido de forma "ativa".

O auto é um passo prévio a um eventual julgamento da infanta, que poderá nunca chegar a realizar-se. A decisão já era esperada e tanto Cristina como o marido recorrerão das acusações, segundo o diário El País. A procuradoria anticorrupção tem uma posição diferente da do juiz Castro e também recorrerá, por considerar que "não existem indícios de delito" na atuação da infanta e que os ilícitos penais são apenas imputáveis ao marido e a um sócio. A decisão de enviar, ou não, o caso para julgamento será tomada pelo tribunal provincial.


A irmã do rei é, segundo o El Mundo, acusada de ter beneficiado dos negócios ilegais do marido com a administração pública, cujos benefícios iam para uma empresa, a Aizoon, detida pelos dois em conjunto. O dinheiro público obtido irregularmente através do Instituto Nóos, presidido por Iñaki Urdangarin entre 2003 e 2006, foi usado para a remodelação da residência, compra de obras de arte, viagens, aulas de dança, vestidos de luxo e festas de anos, concluiu a investigação.

Urdangarin, que é acusado de seis delitos, e o sócio, Diego Torres, são acusados de terem cobrado mais de seis milhões de euros aos governos das Baleares e da Comunidade Valenciana para organizar eventos ligados ao desporto em que apenas gastaram dois milhões de euros. O dinheiro era recebido através do Nóos, que se apresentava como entidade sem fins lucrativos (e de cuja direção Cristina fez parte) e que servia para a passagem do dinheiro para as empresas de ambos – uma delas a Aizoon.

O auto do juiz mantém as acusações a 16 dos 32 arguidos, segundo o El País. A Casa Real expressou o seu "total respeito pela independência do poder judicial", tal como o fez o Governo, pela voz do ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, o qual recordou que a decisão é passível de recurso. "Neste país, a lei é igual para todos", disse também.

A infanta e o marido, há dois anos afastados das atividades oficiais da família real, foram os grandes ausentes da cerimônia de juramento do irmão, Felipe VI, na quinta-feira passada. O caso Nóos contribuiu para a quebra de popularidade da família real.

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Com informações de Publico.pt/ Isto É Dinheiro

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