Dilma, Marina e Aécio se atacaram em todos os blocos do debate.


Eleições 2014 - Durante o último debate antes do primeiro turno das eleições, realizado na noite desta quinta-feira, 2 de outubro, pela TV Globo, os três candidatos que lideram a corrida presidencial se atacaram mutuamente em todos os blocos. O evento foi realizado horas após o instituto Datafolha apontar o acirramento da busca por uma vaga no segundo turno entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), conforme destacou a Folha de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, prolongou uma discussão sobre corrupção com Marina e as duas trocaram acusações depois que os microfones já estavam desligados e o tempo, esgotado. Depois ao ser acusada pelo PT de representar uma ameaça à continuidade do programa Bolsa Família, que é o carro-chefe da política social do governo petista, Marina repetiu a mesma estratégia adotada quatro anos antes, também em um debate, pelo então presidenciável tucano José Serra. A candidata do PSB, que por um longo tempo esteve bem a frente de Aécio nas pesquisas, anunciou uma nova promessa, a três dias da eleição, a de pagar um 13º aos beneficiários do Bolsa Família.
Tecnicamente empatado com Marina na disputa pelo segundo lugar, Aécio Neves (PSDB) explorou o escândalo de corrupção na Petrobras e mirou tanto em Dilma quanto em Marina.  Aécio e Marina se confrontaram diretamente. O tucano lembrou que Marina era do PT durante o escândalo do mensalão e que em sua gestão no governo Lula empregou derrotados nas urnas. Marina rebateu dizendo que o mensalão começou a ser gestado em Minas Gerais, durante campanha do PSDB. E arrematou: "Você falou que eu fui atacada injustamente pelo PT. Eu também fui atacada injustamente por Vossa Excelência, que pela primeira vez na história desse país se uniu com o PT para tentar me desconstituir".

Dilma foi questionada pelos adversários principalmente sobre suspeitas de corrupção na Petrobras. Preso, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa acusou uma dúzia de políticos de receberem propina de empresas com negócios na Petrobras. "Acho que corruptos há em todos os lugares, o que é necessário é que as instituições sejam capazes de investigar. [...] E quero dizer uma coisa, não acredito que tenha alguém acima de corrupção. Acho que todo mundo pode cometer corrupção, as instituições é que têm que ser virtuosas e impedirem que isso ocorra", disse a presidente.

Aécio foi o que mais tempo dedicou ao assunto, afirmando que Dilma tratou com leniência Costa, que recebeu elogios na ata da Petrobras que registra sua saída do cargo. Dilma rebateu afirmando que o próprio Costa reconheceu, em depoimento no Congresso, que foi instado pelo governo a pedir demissão. "Vocês entregaram a nossa maior empresa, e isso quem diz é a Polícia Federal, a uma quadrilha, a uma organização criminosa que lá se instalou. O diretor está preso. Esse é o lado perverso do aparelhamento da máquina pública, a pior marca do governo do PT", disse o tucano.

Marina afirmou que Dilma patrocinou uma "demissão premiada" ao ex-diretor, em referência à delação premiada que ele negociou com o o Ministério Público. Aécio também explorou a acusação de que a campanha de Dilma tem usado os Correios de forma irregular em sua campanha, na distribuição de material de propaganda. A estatal nega, afirmando que faz o serviço para políticos de vários partidos.


No primeiro momento em que partiu para a ofensiva contra um dos adversários, Dilma escolheu Aécio e falou sobre o tema das privatizações, que os petistas usaram contra os tucanos em campanhas eleitorais anteriores. Aécio também defendeu as privatizações do governo FHC (1995-2002) e puxou aplausos para o ex-presidente, que estava presente na plateia da Globo.

Na campanha deste ano, Aécio abandonou a tática adotada pelos tucanos nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, quando os candidatos do partido deram a FHC e seu governo papel secundário por temer desgaste.

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