Lava Jato: executivo nega haver 'clube' das empreiteiras.

Operação Lava Jato - À Polícia Federal, executivos da Queiroz Galvão e da Engevix negam cartel na Petrobras. De acordo com informações do G1, portal de notícias da Globo, em depoimentos prestados à PF em Curitiba, o diretor-executivo da Queiroz Galvão Othon Zanoide, o ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho, o diretor técnico da Engevix, Carlos Eduardo Strauch Albero, e o diretor de contratos da Engevix, Newton Prado, todos presos pela nova etapa da Lava Jato, negaram a existência de um cartel que atuava em contratos da Petrobras

Segundo a reportagem, ao ser ouvido pelos delegados federais na capital paranaense, Zanoide afirmou que não sabia da existência de acordo entre as empresas do setor de infraestrutura para dividir entre si a execução de projetos da estatal do petróleo, com pagamento de propina a executivos da petroleira e partidos políticos. Ainda segundo o diretor-executivo, a Queiroz Galvão jamais pagou suborno a nenhum diretor da Petrobras. O ex-presidente da construtora, Colares Filho também negou ter conhecimento da existência de um cartel atuando nos empreendimentos da petroleira. "Se existia, ela [a Queiroz Galvão] não participava", enfatizou. "Eu desconheço o 'clube'. Isso não existe", afirmou Colares Filho, referindo-se à expressão relatada por um dos delatores do esquema que era usada pelos envolvidos para definir o cartel.

Questionado sobre se algum diretor da Petrobras havia cobrado propina para firmar contratos com a construtora, Colares Filho foi taxativo: "não, nunca".

Cartel dentro da Petrobras - Segundo os executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, algumas empresas formaram um cartel dentro da Petrobras em que cobravam o valor máximo previsto nas licitações e pagavam suborno equivalente a 3% dos contratos. As empreiteiras eram chamadas de "clube" pelo ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.

Os diretores da Engevix também afirmaram à Polícia que não têm conhecimento do cartel na estatal. Ao ser indagado sobre se sabia do esquema de pagamento de propina de 3% pelas empresas para firmarem contratos com a Petrobras, Albero disse não ter conhecimento dos fatos."A minha atuação na empresa começa a partir de quando o contrato está na casa [...] Não tenho conhecimento da existência desses 3%", disse Albero.
Diretor de contratos na Engevix, Newton Prado afirmou que não tem "nenhuma responsabilidade sobre a licitação e negociação de contratos". "A minha atividade inicia a partir da execução do início da execução do contrato [...] Não tenho conhecimento da existência desse cartel", afirmou.


Pagamento de propina - Sobre o pagamento de propina, Prado voltou a dizer que não participa da fase de licitação dos contratos. "Não tenho conhecimento a respeito desse pagamento". Prado também comentou durante seu depoimento que os sócios da Engevix, Gerson de Mello Almada e Cristiano Kok, firmaram contrato com a empresa GFD Investimentos, de propriedade do doleiro Alberto Youssef, investigada pela Polícia Federal por ter supostamente recebido milhões de reais de construtoras que tinham contratos com a Petrobras. Ele afirmou que não sabe o motivo do contrato firmado entre as empresas.
"Foi um contrato orientado pelos sócios. O objeto do contrato é consultoria em nível estratégico e empresarial que foi prestada no nível dos sócios. Ou seja, seria prestada diretamente aos sócios, não chegando ao nível operacional do contrato, que é onde eu trabalho", disse Prado.

Denúncia do Ministério Público Federal - Os procuradores da República detalharam depoimentos de dois delatores que afirmam ter pago, ao menos, R$ 154 milhões em propina a pessoas apontadas como operadores do PT e do PMDB dentro da estatal do petróleo. O suborno foi usado para garantir que grandes empreiteiras do país executassem obras bilionárias em, pelo menos, seis projetos da estatal do petróleo.

Doação de campanha - Em outro trecho de seu depoimento, o diretor da Queiroz Galvão Othon Zanoide afirma que conhece o doleiro Alberto Youssef, preso em março pela Polícia Federal. Segundo o diretor-executivo, Youssef foi apresentado a ele pelo ex-deputado José Janene, já falecido. De acordo com Zanoide, o doleiro era o responsável para intermediar e orientar sobre a forma como a empresa poderia realizar doações de campanha para o Partido Progressista (PP).

Zanoide também disse à Polícia Federal que conhece o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e que ele era responsável por orientar sobre doações ao partido. Vaccari Neto foi citado por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, delatores do suposto esquema de corrupção na Petrobras, como o operador de propina cobrada pelo PT nos contratos da estatal com outras empresas. "Quando vem ano eleitoral, ano de campanha, todos os partidos políticos procuram as grandes empresas atrás de doações [...] Fui procurado pelos arrecadadores de campanha, entre eles me recordo do João Vaccari [Neto], do PT. Fui procurado por diversos políticos", disse Zanoide.

Ao falar à PF, Colares Filho disse que as doações aos partidos eram feitas "dentro dos parâmetros da lei e que eram feitas para aquelas legendas que mais se caracterizam com as características da empresa... Me recordo de doações para o PT, PMDB, PP e mais alguns", disse Colares Filho sem dizer quais eram os outros partidos. Ao ser indagado sobre se fez ou orientou alguém a fazer repasses de recursos para representantes de partidos, como João Vaccari Neto ou José Janene, ele negou. "Fiz e orientei as doações para os partidos que eles representavam", afirmou.

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Operação Lava Jato - A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos, nesta sétima etapa, 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.

Conforme balanço divulgado pela PF, além das 23 prisões, foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis.
Fonte: G1

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