Trabalhadores são achados comendo e dormindo junto com porcos.

Trabalhadores foram encontrados dormindo junto com porcos durante uma fiscalização do Ministério Público do Trabalho no Piauí. A situação degradante análoga à escravidão acontecia em alojamentos de cidades na região Norte do estado, com trabalhadores que faziam o corte da palha da carnaúba em propriedades privadas. "É uma situação que desconfigura totalmente a dignidade do ser humano, transforma o ser humano em animal também", afirmou o procurador do Ministério Público do Trabalho, José Wellington Soares.

Foram visitados os locais de trabalho de 160 pessoas e somente em uma localidade, onde 30 pessoas trabalhavam, a situação era regular.

Ainda de acordo com Cardoso, também foram encontradas pessoas trabalhando sem equipamentos de segurança e proteção individual e sem carteira assinada. As refeições eram servidas em latas, ao relento, e os trabalhadores comiam no chão próximo a fezes de vaca.

Em um dos locais visitados, a água servida aos trabalhadores era guardada em toneis que antes armazenavam agrotóxicos – e que não podem ser reutilizados por risco de contaminação.

Força-tarefa

Os flagrantes aconteceram durante a execução do Projeto Palha Acolhedora, que aconteceu entre os dias 20 e 24 de julho.

Para o auditor fiscal da Superintendência do Trabalho e Emprego Rubervan do Nascimento, a situação encontrada pela fiscalização é muito distante do que determina a lei trabalhista, por isso serão responsabilizados todos os envolvidos na cadeia produtiva da cera de carnaúba.

“A cera de carnaúba está sendo vendida para o exterior porque parte dela é usada na indústria da computação, por este e outros motivos não vamos deixar que esta produção aconteça como era nas décadas passadas. Existe uma cadeia produtiva que deve e vai ser responsabilizada”, afirmou.

No entendimento do Ministério Público do Trabalho, até mesmo os atravessadores e as indústrias de beneficiamento podem ser responsabilizados judicialmente por obterem lucro numa atividade que, segundo o procurador, viola os direitos fundamentais dos trabalhadores.

O MPT recomendou aos arrendatários que paralisassem as atividades imediatamente e procurassem o órgão para regularizar a situação dos trabalhadores. Serão instaurados inquéritos civis contra todos os exploradores e proprietários das terras onde ocorre a exploração.

Fonte: g1.globo.com

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