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Corrida sem Medidores: O Prazer de Correr por Correr

Vivemos em uma era em que tudo é metrificado. Na corrida de rua, os aplicativos de monitoramento, os dispositivos vestíveis e as métricas de performance se tornaram quase indispensáveis. Pace, distância, elevação, cadência — tudo é registrado, analisado e compartilhado. No entanto, por trás dessa busca constante por resultados, há algo que muitos corredores acabam esquecendo: o prazer essencial de simplesmente correr. Recentemente, tive uma experiência que desafiou minha própria rotina como corredor. Decidi sair para correr sem o celular, sem o aplicativo Adidas Running, sem música, sem vídeos, sem fotos. Pela primeira vez em muito tempo, não havia medições, registros ou notificações. A corrida não tinha um destino específico nem um tempo-alvo. E mais: troquei o habitual treino matinal por uma corrida no final da tarde. O que parecia estranho no início revelou-se libertador. A ausência de tecnologia abriu espaço para uma presença mais plena no momento. Com os sentidos mais atentos, tiv...

Correr aos 51: quando o corpo acompanha a vontade de vencer

Nesta manhã ensolarada de 18°C, com um pace médio de 5:44 min/km em 12,27 km , mostrei — mais uma vez — que a idade não limita quem tem propósito, treino e paixão. Aos 51 anos, não corro apenas por performance. Corro por saúde física, clareza mental e uma força interior que só a corrida de rua sabe despertar. 1. Superação é treino + propósito. Correr mais de 12 km em pouco mais de 1h10 não é acidente. É fruto de disciplina, noites bem dormidas, tênis amarrado e foco em seguir mesmo quando o corpo quer parar. 2. A maturidade me deu mais do que resistência física: me deu consciência. Hoje, escuto meu corpo com mais atenção e administro melhor meu esforço. Não corro apenas com as pernas — corro com a mente, com o coração, com a experiência acumulada. 3. A corrida é um espelho: ela reflete o que você planta. Não importa se você tem 30 ou 50 anos. Se o compromisso for real, o resultado vem. Aos 51, eu queimo calorias, sim. Mas queimo também medos, dúvidas e a falsa ideia de que já é ...

Fauja Singh Morre aos 114 Anos: O Maratonista Centenário Que Venceu o Tempo e o Preconceito

Fauja Singh morreu . A frase parece comum, não fosse o fato de que ele tinha 114 anos e foi, até o último suspiro, o símbolo vivo de que nunca é tarde demais para começar a correr — ou recomeçar a viver. Singh foi atropelado durante sua caminhada diária em Beas Pind, na Índia, sua terra natal. Uma ironia cruel para um homem que correu maratonas inteiras quando o mundo dizia que ele já deveria estar parado. Sua morte marca o fim de uma jornada biológica, mas não o fim do seu legado. Pelo contrário: é agora que sua história precisa ser revisitada, reinterpretada e espalhada como semente de inspiração. Em 2011, aos supostos 100 anos de idade, Singh completou a Maratona de Toronto com 42 km em 8h25. Poucos dias antes, havia quebrado oito recordes em provas de pista que iam dos 100 aos 5.000 metros. Sim, em quatro dias. Tudo isso com pernas magras, apelidadas na infância de "palito", e um sorriso sereno de quem transformou dor em propósito. Sua certidão de nascimento? Nunca apare...

Corrida de Rua é Mesmo para Todos? Uma Análise Entre o Acesso e a Exclusão

A corrida de rua, popularmente celebrada como o esporte mais democrático do mundo, carrega uma aura de simplicidade que encanta: um par de tênis, uma rua qualquer e a força de vontade — é tudo de que se precisa. Essa imagem romântica — quase poética — tem sido repetida por corredores, influenciadores e até marcas esportivas, alimentando a ideia de que “correr é para todos”. No entanto, será mesmo essa prática acessível a qualquer pessoa, em qualquer lugar e em qualquer condição? A resposta, embora pareça óbvia à primeira vista, exige uma análise mais profunda — e muitas vezes incômoda — sobre desigualdade, exclusão e privilégio. A primeira camada dessa discussão repousa sobre o princípio da simplicidade. De fato, diferentemente de esportes como o golfe ou o tênis — que requerem estruturas caras e equipamentos específicos —, a corrida de rua pode acontecer em qualquer esquina, avenida ou parque. É uma atividade que dispensa mensalidades, técnicos especializados ou locações fechadas. Ess...

Tensão Antes da Prova de Corrida: Um Desafio Mental e Físico Que Pode Ser Superado

Participar de uma prova de corrida, seja uma maratona, uma corrida de rua ou uma simples competição escolar, exige muito mais do que preparo físico. A tensão antes da prova é um fenômeno comum entre corredores de todos os níveis. Esse estado de nervosismo pode se manifestar por meio de sintomas físicos e emocionais, afetando o desempenho e até mesmo a motivação do atleta. Neste texto, discutiremos as causas dessa tensão, seus efeitos e estratégias eficazes para lidar com esse desafio mental. Causas da Tensão Pré-Prova A tensão antes da corrida é muitas vezes causada pela pressão por resultados, seja ela imposta pelo próprio atleta ou por fatores externos como treinadores, familiares e público. Outro fator comum é o medo do fracasso, sentimento que pode surgir mesmo entre corredores experientes. A incerteza quanto às condições climáticas, à performance dos adversários ou até mesmo à saúde no dia da prova também pode aumentar a ansiedade. Além disso, a tensão também está ligada à importâ...

A Corrida de Rua é um Passo de Cada Vez: A Psicologia por Trás da Constância

Na essência, a corrida de rua é uma metáfora poderosa da vida: nenhum resultado acontece de repente — tudo é construído passo a passo. Esse princípio, embora simples, carrega um peso psicológico profundo que pode transformar tanto o corpo quanto a mente de quem escolhe correr. Do ponto de vista psicológico, o ser humano tende a superestimar o que pode fazer em curto prazo e subestimar o que pode alcançar com constância. Esse viés cognitivo, conhecido como falácia do planejamento, alimenta a ansiedade por resultados imediatos e o consequente abandono diante da frustração. É aí que a corrida de rua se apresenta não apenas como uma prática esportiva, mas como um antídoto contra essa lógica apressada. Ao colocar um pé na frente do outro, o corredor aprende a confiar no processo. O cérebro começa a associar esforço contínuo a progresso, ainda que lento. Cada quilômetro vencido reprograma a mente para valorizar a disciplina em vez da pressa. A corrida se torna um laboratório da resiliência:...

Superar desafios na corrida e na vida – o simbolismo de 15km

Concluir o desafio de correr 15km proposto pelo app Adidas Running representa muito mais do que apenas cumprir uma meta esportiva. Trata-se de uma conquista pessoal carregada de esforço, disciplina e superação. A medalha virtual que recebi simboliza exatamente isso: a vitória sobre os próprios limites. Em tempos em que o sedentarismo e a falta de motivação são obstáculos diários, assumir o compromisso de treinar e evoluir, quilômetro após quilômetro, é um ato de resistência física e mental. Durante os 15km, cada passada representa uma escolha consciente de continuar. Há momentos de cansaço, de dúvida, de dor muscular, mas também há momentos de superação, de concentração plena e de reencontro com a própria força interior. A corrida , nesse sentido, espelha a vida: um percurso com altos e baixos, em que o importante não é ser o mais rápido, mas persistir até cruzar a linha de chegada. A medalha pode ser virtual, mas a conquista é real. Ela é o reconhecimento simbólico de que vale a pena ...