Doutor da UENF vê semelhança nos casos "Phineas Gage" e do operário que teve crânio perfurado por vergalhão no Rio.

O dia 16 de agosto deste ano ficou marcado por um evento marcante na cidade do Rio de Janeiro. Um operário da construção civil, de 24 anos de idade, sofreu um terrível acidente: um vergalhão de ferro penetrou seu crânio, perfurando o seu cérebro e transpassando a região entre os olhos! Antes e depois da cirurgia para remoção da barra, mostrou-se consciente e lúcido, sem aparente mudança comportamental.

Dr. Arthur Giraldi Guimarães, do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual – LBCT, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), ressaltou que quem é estudioso da Neurociência e viu as imagens da reconstrução da região perfurada a partir da tomografia, amplamente divulgadas na mídia, deve ter tido se lembrado do caso do "Phineas Gage". "Idêntico não foi, mas foi muito semelhante, pois atingiu a mesma região do cérebro, a área pré-frontal do córtex cerebral (ou córtex pré-frontal)" disse o professor. 

Segundo o doutor da "UENF"  um aspecto interessante sobre o córtex pré-frontal é que é a última região do cérebro humano e se desenvolver completamente. Isto ocorre só a partir dos 18 anos de idade. Portanto, o fato de os adolescentes serem normalmente impulsivos, inconsequentes, rebeldes e desfocados não é mera coincidência! E tem mais: o fato de uma pessoa ficar agressiva, inconveniente e descontrolada após beber muito álcool também não é mera coincidência, uma vez que o excesso de álcool tem ação inibitória sobre o pré-frontal.
(Reprodução:Figura 1: Imagem da tomografia computadorizada do operário carioca - Figura 2 mostra: Localização do 
córtex pré-frontal dentro do crânio. (Imagem extraída de: Portal Educação).

Bom, ainda é cedo para saber que sequelas cognitivo-comportamentais o operário carioca terá. Mas é possível que tenha alterações semelhantes às que ocorreram com o Phineas Gage. Podem até ser diferentes, em função de ter afetado regiões diferentes dentro do pré-frontal, mas é provável que tenha alguma alteração nas suas funções executivas.


Ou então pode não ter sequela alguma, uma vez que o sistema nervoso é plástico e tem a capacidade de se reestruturar para recuperar danos. Façamos votos que seja isso que aconteça com o nosso carioca, sendo mais um dos diversos exemplos da capacidade restaurativa do nosso cérebro!



Para os estudiosos e para os curiosos de estômago forte, esse é um link onde se podem ver imagens pré-operatórias do paciente carioca (aqui).  

Redação do Momento Verdadeiro com informações do Blog Ciência da UENF - Matéria de Arthur Giraldi Guimarães. (*Professor do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB).