Fenômeno global explica calor e seca no Brasil.

A falta de chuvas e as altas temperaturas registradas no Brasil no início deste ano provavelmente estão ligadas a fenômenos e processos dinâmicos ocorridos em escala global. É o que sugere um estudo preliminar do pesquisador Isimar de Azevedo Santos, professor titular do Laboratório de Meteorologia da UENF (LAMET). Ele espera, com a pesquisa, obter previsões mais acertadas de eventuais ondas de calor que venham a afetar o país.
Segundo o pesquisador, tanto o forte calor quanto a estiagem que se observou em algumas regiões do Brasil em janeiro de 2014 se deveram a bloqueios atmosféricos provavelmente originados no Oceano Pacífico. Tais bloqueios impediram as frentes frias de se deslocarem do sul do continente até as latitudes tropicais. 

"Estamos usando dados ambientais, tanto locais quanto globais, para compor um quadro elucidativo desses processos de bloqueio. O diagnóstico preliminar nos permite dizer que houve uma distribuição regionalizada das anomalias de precipitação e temperatura — afirma o professor, que tomou por base informações do banco de dados Reanálises, do serviço meteorológico americano (National Centers for Environmental Prediction / NCEP)".

A análise das anomalias climáticas no Estado do Rio revela que a capital fluminense teve as temperaturas mais altas, bem como a maior seca dos últimos 36 anos. O Sul Fluminense também viveu a maior estiagem dos últimos 36 anos. No entanto, não foi o janeiro mais quente — os janeiros de 1995, 1998 e 2010 tiveram temperaturas ainda maiores.
No Norte Fluminense, as temperaturas estiveram bem próximas da média histórica. Os janeiros mais quentes da região foram os de 1990, 1995 e 2010. Com relação à estiagem, o estudo aponta o mês de janeiro de 2014 como um dos mais secos, juntamente com os janeiros de 1990, 2006 e 2010.

A análise global da temperatura no Hemisfério Norte mostra que enquanto algumas regiões tiveram aquecimento anômalo (Groenlândia, oeste da América do Norte, Canadá, China e África), outras experimentaram temperaturas mais baixas que a média histórica dos últimos 36 anos (norte da Rússia, o norte da Europa e o leste da América do Norte). 

"Já no Hemisfério Sul ocorreu um resfriamento no centro da América do Sul, noroeste da Austrália e no entorno do continente antártico. Mas a maior porção do Hemisfério Sul experimentou temperaturas acima do normal em janeiro, inclusive a maior parte do continente antártico" — afirma o pesquisador.

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