Morro do Bumba: Chances de encontrar sobreviventes é remota

Foto:AFP
Marcos de Paula - AE
Avalanche em Niterói, onde centenas de pessoas podem estar soterradas, agrava o desastre provocado pela chuva no Rio de Janeiro. De acordo com a Defesa Civil, cerca de 200 moradores da área podem estar sob os entulhos. Até o momento, 17 corpos haviam sido encontrados. Em todo o Estado, o número de mortos por causa da chuva chegava a 180. A maioria moradores de morros de onde a terra encharcada pela pior enxurrada dos últimos 44 anos de desprendeu.

O prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, decretou estado de calamidade pública. Os socorristas diziam ontem que as chances de encontrar sobreviventes no Morro do Bumba, atingido pela avalanche na quarta-feira à noite, são remotas.

– Foi muito rápido. As pessoas não tiveram tempo para reagir – disse o subcomandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel José Paulo Miranda de Queiroz.

A favela cresceu nos últimos 30 anos em um terreno onde 50 anos atrás havia um lixão. Antes do deslizamento, os bombeiros foram chamados para resgatar uma pessoa soterrada no morro. Eles chegaram a levar uma retroescavadeira, mas voltaram ao quartel para pegar equipamentos para a noite. Por volta das 21h50min, os moradores ouviram um estrondo seguido de uma avalanche de terra.

Na segunda-feira, duas casas desabaram após um deslizamento. Algumas pessoas foram tiradas do local. Pelo menos 30 pessoas estavam hospedadas em casas de vizinhos e agora estão entre as desaparecidas.

– Foi uma tragédia anunciada. Áreas que servem como depósito de lixo ou qualquer matéria orgânica são de pouca sustentação estrutural. As construções nessas áreas ficam mais vulneráveis a qualquer deslizamento – afirmou Agostinho Guerreiro, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio.

Gás que se formou em antigo lixão causou explosão antes de o barro descer a encosta

O excesso de chuva não foi a única causa do desastre. A secretária de Estado do Ambiente, Marilene Ramos, disse que a provável causa do deslizamento foi uma explosão do gás metano (não tem cor e cheiro e surge, entre outros fatores, da decomposição de materiais) do antigo lixão. Segundo ela, o lixo em decomposição formou uma bolsa de gás, que em contato com o ar causou a explosão ouvida pelos moradores.

O prefeito Jorge Roberto disse que não havia qualquer sinalização de que isso ocorreria:

– O lixão estava desativado havia 50 anos. Ninguém poderia imaginar. Lamentavelmente isso ocorreu e estamos estudando as causas e as consequências no entorno.

O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, referiu-se ao deslizamento como uma “catástrofe humana e ambiental”. Ele fez as observações depois de visitar a área.

– Foi uma tragédia de dimensão brutal – disse.

Edição:Washington Luiz - Fonte:Diario

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