Coronel da PMERJ revela esquema de compras fraudulentas.


Rio - Ex-diretor de Saúde da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro revela esquema por trás das compras fraudulentas: ‘Processos passavam pelo Estado-Maior’. O coronel Alberto Alves Borges chefiava a Diretoria Geral de Saúde da corporação (DGS) até o último dia 29, quando foi exonerado pelo então comandante-geral, coronel Luís Castro. Borges, ginecologista de formação, dirigiu a área de saúde durante o período em que o Fundo Único de Saúde da corporação (Fuspom) fez compras fraudulentas — como a de 75 mil litros de ácido peracético, nunca entregues — hoje investigadas pelo MP. 

A entrevista foi concedida ao jornal 'Extra'
Confira, a seguir, a entrevista com o coronel Alberto Borges na íntegra.

Extra: Sua exoneração foi justa?

Coronel da PMERJ - Não posso considerar minha exoneração justa, em função até do trabalho que realizei em toda a minha carreira. São 26 anos no quadro de saúde da Polícia Militar. Considero que foi num momento de desespero das autoridades devidas, até pela a maneira como se deu, me colocando na condição de suspeito. Não posso aceitar. Assim que tomei ciência dos fatos que geraram essa investigação, me posicionei contrariamente e participei ao meu superior hierárquico, que era o coronel Pacheco, chefe do Estado-Maior Administrativo da PM.

Extra: Você sabia do esquema?

Coronel da PMERJ - Não tinha conhecimento. O fato se dava basicamente na gestão do Fundo de Saúde da PM. O gestor do Fuspom era o coronel Décio, nomeado pelo comandante-geral. Ele se relacionava diretamente com o Estado-Maior Administrativo. Tomei ciência dos processos logo após a exoneração do coronel Décio pelo comandante-geral e a nomeação do tenente-coronel (Nelson Pitta de) Castro Neto, de quem participei da escolha. Após a troca, começaram a vir à tona os processos de compras fraudadas. Em momento algum, os processos passaram pela DGS. Importante ressaltar que a DGS não administra o Fuspom. Qual é o processo natural? Um diretor de unidade me demanda uma compra e eu demandava essa compra à área de aquisições. Os processos que hoje são alvo de investigação não têm nenhuma assinatura minha e nenhuma demanda de minha parte. O gestor do Fuspom tomou uma postura autônoma, fazia os processos licitatórios e se reportava diretamente ao Estado-Maior Administrativo. As demandas não passavam pela DGS, que não faz processo de licitação nem liquida valores. Os processos partiam do gestor do Fuspom, pelo Estado-Maior, com a Diretoria Geral de Administração e Finanças efetuando os pagamentos.

Extra: O Estado Maior tinha ingerência sobre esses fatos?

Coronel da PMERJ - Se ele tinha ciência direta, não posso afirmar. Porém, o coronel Décio, enquanto gestor do Fuspom, reportava-se diretamente ao coronel Pacheco, chefe do Estado-Maior quase diariamente. Eu os via se relacionando de maneira muito próxima. Por isso, acredito que o coronel Décio reportava a ele os processos que ele administrava.

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Fonte: Jornal Extra

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