Kirchner diz que morte de procurador é conspiração de opositores.

Nesta quinta-feira, 22, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, voltou a se manifestar sobre a morte do procurador Alberto Nisman. Ela rejeitou a tese de suicídio e disse que suspeita que ele tenha sido assassinado. 


Cristina Kirchner manteve a posição de que a acusação do procurador contra ela é baseada em informações falsas passadas a ele. "A denúncia do procurador Nisman não só se desmorona, como constitui um verdadeiro escândalo político e jurídico", disse. E denuncia uma conspiração: “A denúncia do procurador nunca foi em si mesma a verdadeira operação contra o governo. Nisman não sabia e provavelmente não soube nunca. A verdadeira operação contra o governo era a morte do procurador depois de ele acusar a presidente, o ministro de relações exteriores de serem acobertadores dos iranianos acusados do atentado terrorista da Amia”.

O atentado, em Buenos Aires, em 1994, destruiu a associação judaica e matou 85 pessoas. Nisman investigava o caso há dez anos. A presidente diz agora que a morte foi encomendada. E que opositores conduziram tudo do começo ao fim sem que o procurador soubesse. "Usaram ele vivo e depois precisavam dele morto", disse. Com essa mudança, a presidente preserva a tese de que a acusação contra ela é falsa, mas abandona a hipótese do suicídio, que estava cada vez mais difícil de sustentar. Cristina Kirchner pede ainda uma investigação sobre a o esquema de segurança proporcionado pelo Estado ao procurador, que contava com dez policiais federais.

O secretário da segurança pública, Sérgio Berni, foi um dos primeiros a chegar ao prédio do procurador no domingo à noite. A oposição quer saber como ele soube tão rapidamente que algo havia acontecido. E por que entrou no apartamento se é membro de um governo que seria acusado formalmente pelo procurador no dia seguinte. Berni diz que ficou o tempo todo na cozinha, não no banheiro onde o corpo estava e nem na sala onde ficavam os documentos da investigação.

A comunidade judaica teme que a morte do procurador seja também a morte da investigação do atentado. "A Argentina viveria uma situação muito triste onde a sensação de impunidade seria institucionalizada: um lugar onde se pode matar 85 pessoas e ninguém vai preso." afirmou Sergio Epelman, secretário-geral do Congresso Judaico Latino Americano.

A presidente é alvo de enxurrada de críticas por se contradizer em apenas três dias sobre a hipótese de suicídio do promotor e por, em meio a uma crise política e jurídica no país, se manifestar apenas por redes sociais. Isso porque na segunda-feira, dia seguinte à morte de Nisman, Kirchner se referiu ao caso como suicídio, por meio de uma carta publicada na internet. "A morte de uma pessoa sempre causa dor e perda entre seus entes queridos, e consternação nos demais. O suicídio provoca, além disso, em todos os casos, primeiro: estupor; e depois: interrogações." Mais adiante, colocou a palavra suicídio acompanhada de sinais de interrogação, indicando dúvida.

   

Com informações do G1 e do DW.