Renato Aragão: "feios, negros e gays não se ofendiam".

O humorista Renato Aragão, mais conhecido como Didi, fez comentários sobre a dificuldade de trabalhar com humor no Brasil nos dias atuais. Segundo o comediante, hoje não se pode fazer humor - com "feios, negros e homossexuais" - porque todas as classes sociais ganharam seu espaço.

"Hoje todas as classes sociais ganharam a sua praia, e a gente tem que respeitar muito isso. Eu sou até a favor. Mas, naquela época, essas classes dos feios, dos negros, dos homossexuais, elas não se ofendiam. Elas sabiam que não era para sacanear”, declarou em entrevista à edição de janeiro da revista Playboy, da Editora Abril.

Didi disse que ele e Mussum, seu companheiro de Trapalhões, se divertiam com as piadas raciais. “Na época, a gente fazia como uma brincadeira. Como se fôssemos duas crianças em casa brincando. A intenção não era ofender ninguém.”

Renato Aragão estreia no teatro aos 79 anos.

Porta dos Fundos pega pesado


Renato Aragão fez uma reflexão sobre o humor de antigamente e a mudança da opinião pública, mas criticou o trabalho feito pelo grupo Porta dos Fundos. “Eles só estão errando porque pegam pesado demais. Não precisa.”

Estigma de ser nordestino

Didi também aponta que nunca agradou à crítica especializada com seus programas de TV e filmes de cinema pelo estigma de ser nordestino. “Os pseudocineastas ficavam umas araras porque os filmes deles não encostavam [em bilheteria]. Chegava um nordestino com um rolo compressor e passava por cima”, diz.

Renato Aragão também disse não se incomodar com as críticas ao trabalho dele como Trapalhão. Para o humorista, muitas pessoas detonavam os filmes de Didi, Dedé Santana, Mussum e Zacarias (1934-1990) sem ao menos ver o conteúdo.
   
Com informações da Revista Veja