"Se o Beltrame aparecer aqui, eu dou na cara dele", disse mãe de estudante morto próximo a UFRJ.

Centenas de pessoas fizeram uma manifestação, na manhã deste domingo, 11, pela morte do jovem Alex Schomaker Bastos, de 23 anos, morto em uma tentativa de assalto perto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Urca, Zona Sul do Rio, ele levou cinco tiros. Com faixas e camisas com os dizeres "Eu sou o Alex", amigos e parentes do jovem interditavam parcialmente a Rua General Severiano, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Emocionada, a professora de português e mãe do jovem, Mausy Bastos, sentou no ponto de ônibus onde o filho foi morto na quinta-feira. Ela também levava um cartaz lembrando Alex.


De acordo com o site Todo Dia, Mausy Bastos, criticou durante o ato, o secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame. "Se o Beltrame aparecer aqui, eu dou na cara dele", disse. "As pessoas dizem que meu filho reagiu ao assalto, que ele estava num lugar perigoso tarde da noite. Mas que história é essa? Todos têm direito de pegar o ônibus que quiserem na hora que quiserem."

O ato aconteceu no ponto de ônibus onde Alex foi morto a tiros na noite da última quinta, perto do campus da Praia Vermelha da UFRJ, onde ele estudava. Em discursos, Mausy e colegas fizeram duras críticas ao estado da segurança pública no Rio. Um colega de Alex disse que o local onde ele foi morto virou "maldito" por conta do número de assaltos que ocorrem lá. "A política de segurança é voltada para reprimir, não para proteger. Hoje tem quatro carros da PM aqui. Durante a semana não tem nenhum. Vai ter uma viatura da PM aqui por dois meses. Depois, desaparecerá", disse o rapaz, que é funcionário da UFRJ.

Alex, que era pesquisador e professor de biologia, estava prestes a se formar. "No dia 26 eu vou receber um diploma post mortem. Mas pra que ele serve? O meu filho não vai ser biólogo, não vai ter filhos, não vai para Galápagos, como ele tanto queria", disse ela sobre o filho, que tinha o sonho de conhecer a ilha sobre a qual Darwin escreveu. Em 2014, o estudante ganhou o prêmio de melhor trabalho de iniciação científica no Congresso da Sociedade Brasileira de Genética. "Queria que tivesse sido eu", disse a namorada dele, Beatriz.

Amigos, colegas de trabalho e parentes montaram um carro de som na rua para falar sobre o crime. Mausy desabafou sobre a violência e os problemas sociais do Brasil. "Toda vez que a nossa língua é desprezada o povo é desprezado. O Hino Nacional não pode ser cantado só no Maracanã, a gente tem que cantar por ter orgulho do nosso país. A gente precisa trocar as armas por livros", disse.

Familiares também falaram sobre a descrença com o fim da violência na cidade. "Eu não acredito que as autoridades vão fazer algo. Não tenho mais esperanças, mas nós estamos aqui seguindo o script de quem perdeu uma pessoa querida", disse Olívia Bastos, irmã de Alex. Os participantes do protesto também distribuíram rosas brancas a quem passava pela rua. O ato terminou com um abraço coletivo ao ponto de ônibus onde o estudante foi atingido pelos criminosos. O trânsito na Avenida Venceslau Brás ficou interditado por poucos instantes com  apoio de guardas municipais. Professores do departamento de Biologia da UFRJ, curso que Alex estava terminando neste semestre, se mostraram insatisfeitos pela falta de apoio da cúpula da universidade no protesto. "É lamentável que os reitores desta universidade não estejam aqui nesta manifestação", disse um magistrado.

Com informações do G1 e do Todo Dia