Clima esquenta e Renan e Aécio batem boca no Senado.


Uma manobra governista excluiu a oposição da Mesa Diretora do Senado Federal, em votação realizada na noite desta quarta-feira, 4. O acordo capitaneado pelo PT e pelo PMDB, com o aval do governo Dilma Rousseff, impediu que PSDB, PSB e DEM assumissem os cargos a que tinham direito pelo critério da proporcionalidade. Juntos, os três partidos têm 21 senadores, mais de um quarto do Senado.

Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL) tiveram uma discussão áspera depois de desentendimento entre ambos a respeito da escolha do primeiro secretário da Mesa Diretora do Senado. O PSDB havia indicado o nome de Paulo Bauer (PSDB-SC) para ocupar o cargo com base no princípio de proporcionalidade, que assegura às bancadas indicações baseadas no tamanho das mesmas. Quando PMDB e PT orquestraram uma candidatura para concorrer com a indicação tucana, o clima esquentou.

Renan resolveu colocar em votação a escolha do cargo. Por trás desse gesto houve uma articulação de PMDB e PT para que todos aqueles que haviam votado em Renan para presidente do Senado escolhessem Vicentinho Alves (PR-TO) como forma de impedir a indicação do PSDB. Foi por causa disso que Aécio resolveu discutir com o presidente da Casa.

“Vossa Excelência apequena esta Casa”, vociferou Aécio. Renan rebateu dizendo que o tucano havia perdido a eleição presidencial e que por isso deveria entender o respeito ao processo democrático. Aécio não conteve sua revolta e passou confrontar Renan aos gritos. “Perdi de cabeça erguida e Vossa Excelência venceu envergonhando”, disse o tucano. “Respeite a Mesa, tenha dimensão da democracia”, rebateu Renan.


Ao fim do bate-boca, Aécio convocou os tucanos a boicotarem a sessão que escolheria os membros da Mesa. Seu gesto foi seguido por outros partidos, como o DEM e o PSB. O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), criticou a postura de Renan. “O senhor conduziu a sessão da vergonha”, disse Agripino ao chefe do Senado.

Ao deixar o Plenário, Aécio acusou Renan de ser presidente apenas daqueles senadores que votaram nele e o elegeram presidente do Senado no último domingo (1º). “A degradação que tomou conta do governo federal infelizmente chega a essa Casa. Isso é absolutamente inaceitável”, criticou o tucano.

Desta forma, o PSDB acabou ficando sem nenhum representante na Mesa Diretora do Senado. Segundo publicação da Veja,líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), admitiu o acordo deliberado para excluir a oposição – que apoiou Luiz Henrique (PMDB-SC) contra Renan Calheiros (PMDB-AL) na eleição para a presidência do Senado. “Nós fizemos uma opção política de estar com os líderes e com os partidos que não somente são parte da base de composição do governo, mas que estiveram com a candidatura do senador Renan”. Ele citou o exemplo da Câmara, onde o PT acabou derrotado e ficou de fora da Mesa Diretora, o que deixa mais evidente que a manobra desta quarta não passou de uma vingança pela derrota de Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato governista na Câmara.
   

Fontes: Ultimo Segundo, iG/ Veja