Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado: Um fracasso de proporções épicas

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado
O filme Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, lançado em 2007, é a continuação do filme Quarteto Fantástico, de 2005, baseado nos quadrinhos da Marvel. O filme traz de volta os quatro heróis com poderes especiais: Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana e Coisa, que enfrentam uma nova ameaça: o Surfista Prateado, um ser cósmico que anuncia a chegada de Galactus, o devorador de mundos. O filme também conta com a participação do vilão Doutor Destino, que tenta se aproveitar da situação para seus próprios fins.

Apesar de ter sido um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 289 milhões de dólares no mundo todo, o filme foi duramente criticado pela crítica especializada e pelos fãs dos quadrinhos. O filme recebeu apenas 37% de aprovação no site Rotten Tomatoes, que reúne as opiniões dos críticos, e 51% no site Metacritic, que calcula uma média ponderada das notas dos críticos. Além disso, o filme foi indicado a cinco categorias do Framboesa de Ouro, o prêmio que elege os piores filmes do ano, incluindo pior filme, pior diretor, pior roteiro, pior ator coadjuvante e pior atriz coadjuvante.

Mas por que o filme foi tão mal recebido? Quais foram os principais problemas que comprometeram a qualidade do filme? Neste artigo, vamos analisar alguns aspectos técnicos e narrativos do filme que contribuíram para o seu fracasso.

Roteiro superficial e inconsistente

Um dos principais defeitos do filme é o seu roteiro, que é superficial e inconsistente. O roteiro não consegue desenvolver bem os personagens, as motivações, os conflitos e as soluções da história. O filme parece se preocupar mais em mostrar cenas de ação e efeitos especiais do que em contar uma história coerente e envolvente.

Um exemplo disso é a forma como o filme trata o Surfista Prateado, que é um personagem complexo e interessante nos quadrinhos. No filme, ele é reduzido a um mero mensageiro de Galactus, sem muita personalidade ou profundidade. O filme não explica quem ele é, de onde ele veio, por que ele serve a Galactus, como ele se relaciona com os outros personagens ou qual é o seu conflito interno. Ele apenas aparece em algumas cenas voando pelo espaço ou pela Terra, causando estragos e sendo perseguido pelos heróis.

Outro exemplo é a forma como o filme trata Galactus, que é um dos maiores vilões da Marvel nos quadrinhos. No filme, ele é representado como uma nuvem gigante e sem forma, que se aproxima da Terra para devorá-la. O filme não mostra a sua aparência real, a sua origem, a sua personalidade ou o seu propósito. Ele apenas surge como uma ameaça genérica e impessoal, que é derrotada facilmente pelos heróis no final.

Além disso, o roteiro apresenta várias inconsistências e furos na história. Por exemplo:

  • Como o Doutor Destino conseguiu escapar da prisão e recuperar os seus poderes?
  • Como ele sabia da existência do Surfista Prateado e do seu poder?
  • Como ele conseguiu roubar a prancha do Surfista Prateado sem ser notado pelos heróis ou pelo exército?
  • Como ele conseguiu controlar a prancha sem ter nenhuma conexão com ela?
  • Como os heróis conseguiram reverter a troca de poderes entre eles?
  • Como eles conseguiram curar o Surfista Prateado depois de ele ter sido baleado pelo Doutor Destino?
  • Como eles conseguiram convencer o Surfista Prateado a se rebelar contra Galactus?
  • Como eles conseguiram escapar da explosão causada pela destruição de Galactus?

Essas são algumas das perguntas que o filme não responde ou responde de forma vaga e implausível, deixando o espectador confuso e insatisfeito.

Atuações fracas e caricatas

Outro aspecto que prejudica o filme são as atuações dos atores, que são fracas e caricatas. Os atores não conseguem transmitir a essência dos personagens dos quadrinhos, nem criar uma química entre eles. Eles parecem estar desconfortáveis ou desinteressados em seus papéis, recitando as falas de forma mecânica ou exagerada.

Um exemplo disso é a atuação de Jessica Alba como Sue Storm, a Mulher Invisível. Alba não convence como uma cientista inteligente e líder do grupo. Ela parece estar mais preocupada em aparecer bonita na tela do que em dar vida à personagem. Ela também não tem nenhuma química com Ioan Gruffudd, que interpreta Reed Richards, o Senhor Fantástico. Gruffudd também não consegue dar credibilidade ao seu personagem, que é um gênio da ciência e um herói relutante. Ele parece estar sempre nervoso ou distraído, sem demonstrar carisma ou liderança.

Outro exemplo é a atuação de Chris Evans como Johnny Storm, o Tocha Humana. Evans até consegue dar um tom humorístico ao seu personagem, que é um jovem impulsivo e brincalhão. Mas ele também exagera na dose, tornando o personagem irritante e infantil. Ele também não tem nenhuma conexão com Michael Chiklis, que interpreta Ben Grimm, o Coisa. Chiklis até se esforça para dar emoção ao seu personagem, que é um homem amargurado e solitário por causa da sua aparência monstruosa. Mas ele também sofre com a limitação da maquiagem e do figurino, que o deixam com uma expressão artificial e imóvel.

Por fim, outro exemplo é a atuação de Julian McMahon como Victor Von Doom, o Doutor Destino. McMahon não consegue passar a sensação de ameaça ou de maldade que o personagem exige. Ele parece estar apenas se divertindo com o papel, sem levar a sério a sua importância na história. Ele também não tem nenhuma presença ou imponência como um dos maiores vilões da Marvel.

Surfista Prateado

Efeitos especiais datados e inconsistentes

Um terceiro aspecto que compromete o filme são os efeitos especiais, que são datados e inconsistentes. Os efeitos especiais são essenciais para um filme de super-heróis, pois eles ajudam a criar o clima de fantasia e ação que a história pede. No entanto, no filme Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, os efeitos especiais deixam a desejar em vários momentos.

Um exemplo disso é a cena em que o Surfista Prateado invade a Terra, causando uma série de fenômenos naturais. Nessa cena, os efeitos especiais são visivelmente falsos e mal feitos. O Surfista Prateado parece deslocado do cenário, com movimentos artificiais e sem interação com os elementos ao seu redor. Os fenômenos naturais também parecem artificiais e sem impacto, como se fossem inseridos na tela sem nenhuma preocupação com a verossimilhança.

Outro exemplo é a cena em que os heróis enfrentam Galactus no espaço. Nessa cena, os efeitos especiais são inconsistentes e confusos. Galactus é representado como uma nuvem gigante e sem forma, que não impressiona nem assusta o espectador. Os heróis também parecem estar voando sem nenhuma dificuldade ou perigo no espaço, sem levar em conta as leis da física ou da lógica. A cena termina com uma explosão gigantesca e sem sentido, que supostamente destrói Galactus.

Além disso, os efeitos especiais também são inconsistentes com os poderes dos personagens. Por exemplo:

  • O Senhor Fantástico consegue esticar o seu corpo de forma ilimitada e sem nenhuma consequência para a sua saúde ou para as suas roupas.
  • A Mulher Invisível consegue criar campos de força invisíveis de qualquer tamanho ou forma, sem nenhuma explicação científica ou lógica.
  • O Tocha Humana consegue controlar o fogo e a temperatura de forma ilógica e inconsistente. Por exemplo, ele consegue congelar o ar ao redor do Surfista Prateado, mas não se congela junto. Ele também consegue voar pelo espaço sem nenhuma proteção ou oxigênio.
  • O Coisa consegue manter a sua força e resistência mesmo com o seu corpo de pedra. Por exemplo, ele consegue levantar objetos pesados sem se esmagar ou se quebrar. Ele também consegue se mover e falar normalmente, sem nenhuma dificuldade ou dor.

Esses são alguns exemplos de como os efeitos especiais do filme são inconsistentes com os poderes dos personagens. Eles mostram que o filme não se preocupa em respeitar as regras da física ou da biologia, nem em criar uma sensação de realismo ou verossimilhança. Eles apenas servem para mostrar os poderes dos personagens de forma exagerada e sem sentido.

Humor forçado e deslocado

Um quarto aspecto que atrapalha o filme é o humor, que é forçado e deslocado. O humor é um elemento importante para um filme de super-heróis, pois ele ajuda a aliviar a tensão e a criar empatia com os personagens. No entanto, no filme Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, o humor é usado de forma exagerada e inadequada, prejudicando o tom e o ritmo da história.

Um exemplo disso é a cena em que os heróis trocam de poderes entre si, por causa da interferência do Surfista Prateado. Nessa cena, o humor é usado para mostrar as reações dos personagens diante da situação inusitada, mas também para gerar situações constrangedoras e sem graça. Por exemplo, quando Sue fica invisível e nua na frente de uma multidão, ou quando Johnny fica com o corpo de pedra e não consegue voar. Essas cenas não têm nenhuma relevância para a trama, nem contribuem para o desenvolvimento dos personagens. Elas apenas servem para arrancar risadas fáceis e baratas do público.

Outro exemplo é a cena em que Reed tenta impressionar Sue com uma dança sensual na véspera do casamento. Nessa cena, o humor é usado para mostrar o lado romântico e desajeitado de Reed, mas também para gerar uma situação ridícula e sem sentido. Por exemplo, quando Reed estica o seu corpo de forma grotesca e desproporcional, ou quando ele é interrompido por um telefonema do general Hager (Andre Braugher). Essa cena não tem nenhuma conexão com a história principal, nem com a personalidade de Reed. Ela apenas serve para mostrar o seu lado cômico e bobo.

Além disso, o humor também é usado de forma deslocada em momentos que deveriam ser sérios ou dramáticos. Por exemplo, quando Johnny faz piadas sobre a aparência do Coisa, ou quando Sue faz comentários sarcásticos sobre o Doutor Destino. Esses momentos não combinam com o clima de perigo ou de conflito que a história tenta criar. Eles apenas diminuem a importância ou a gravidade dos problemas que os personagens enfrentam.

Conclusão

Em conclusão, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado é um filme que decepciona os fãs dos quadrinhos e os amantes do cinema. Seu roteiro superficial e inconsistente, suas atuações fracas e caricatas, seus efeitos especiais datados e inconsistentes e seu humor forçado e deslocado são aspectos que merecem uma crítica negativa. No entanto, é importante lembrar que, mesmo nos filmes considerados “ruins”, podemos encontrar alguns pontos positivos ou divertidos. Este filme é um exemplo de como o cinema de super-heróis pode ser melhorado ao longo dos anos.

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