A Verdade sobre a Modinha do Pace: Será que Você Também Caiu Nessa?
Nos últimos anos, o vocabulário da corrida de rua foi tomado por uma palavra mágica: pace. Para muitos corredores, especialmente iniciantes, ele deixou de ser apenas um indicador de ritmo médio por quilômetro e virou quase um selo de status. Publicar prints de aplicativos mostrando paces baixos se tornou símbolo de performance e, em alguns casos, até de superioridade atlética. Mas o que deveria ser uma ferramenta de autoconhecimento e evolução virou modinha — e, como toda modinha, tem consequências perigosas.
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| Na corrida, o pace deve ser ferramenta, não vaidade. A obsessão pelo número pode roubar o prazer de correr e até custar a saúde. |
O primeiro efeito nocivo é a pressão social. O corredor que está começando ou que corre em ritmos mais altos passa a se sentir inadequado, como se sua corrida só tivesse valor se for rápida. Isso gera ansiedade, frustração e até abandono precoce do esporte. O pace, que deveria ser um aliado do treinamento, transforma-se em inimigo da motivação.
Outro ponto é o treino mal direcionado. Muitos atletas amadores deixam de respeitar zonas de intensidade, ignoram treinos regenerativos e forçam ritmos que o corpo ainda não está pronto para sustentar. O resultado é uma legião de corredores lesionados, com tendinites, sobrecargas e até problemas cardíacos por treinar fora do seu nível real.
Além disso, a obsessão pelo pace empobrece a experiência da corrida. O ato de correr, que deveria ser também prazer, saúde e conexão com o corpo, é reduzido a números em um aplicativo. Corredores deixam de contemplar a paisagem, de escutar o próprio corpo e de celebrar pequenas conquistas para perseguir segundos a menos por quilômetro.
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É claro que o pace tem sua importância — ele ajuda no controle do esforço, na construção de estratégias e na avaliação de evolução. Mas quando elevado a fetiche, se torna um distúrbio cultural dentro da corrida amadora. O que falta, portanto, é maturidade esportiva: compreender que correr não é apenas sobre velocidade, mas também sobre constância, disciplina, saúde mental e longevidade.
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No fim, a modinha do pace expõe um reflexo da sociedade imediatista: a busca incessante por métricas para exibir em redes sociais, mesmo que isso custe autenticidade e bem-estar. O verdadeiro desafio não é correr cada vez mais rápido, mas correr cada vez mais consciente.
