Família: qual a importância dos filhos na vida dos pais; entenda.


"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família",  disse certa ocasião o escritor russo Leon Tolstoi.  Neste sentido, a família é importante  por ser o espaço onde a pessoa faz a experiência de amar e de ser amada.  

Mas qual a importância dos filhos na vida dos pais? Quem fala sobre o tema  é a psicóloga Monica Pessanha de Azeredo. Segundo a especialista, o compromisso profissional tem exigido mais das pessoas e muitos pais dizem que não podem ficar com seus filhos porque precisam trabalhar. Aliás, muitos pais – mães em especial – sentem uma culpa enorme por deixarem os filhos porque precisam ou querem trabalhar. "Sinceramente não acredito que as crianças não recebam a devida atenção dos pais por causa dos compromissos que eles assumam. O buraco é mais embaixo, como afirma a expressão popular. Na verdade, os tempos atuais privilegiam o individualismo e a juventude; o ter mais do que o ser. Essas questões têm conseqüências decisivas na relação entre pais e filhos e, portanto, na educação," ressalta a psicóloga.

Monica explica que geralmente se investe quase toda a energia em si mesmo, em seu prazer - o chamado "princípio do individualismo" -  e isso se torna a coisa mais importante da vida. "Com a obrigatoriedade de serem jovens o tempo todo, os adultos – mesmo sem se darem conta disso – priorizam seus sonhos e a vida presente. Somadas essas duas questões a outras também importantes – como a ideologia do consumo que aniquilou a ideia de uma vida simples – temos um quadro complicado para os mais novos", ela acrescenta ainda que - "as situações simples da vida dão aos filhos a possibilidade de interpretarem que não há nada importante na vida dos pais do que a convivência e a dedicação a eles, um exemplo: quando chamamos alguém ao telefone e a pessoa não pode atender, as justificativas são várias. Ela pode estar em uma reunião de trabalho ou realizando uma tarefa profissional; pode estar ocupada com uma atividade que não pode interromper etc. Nunca se diz que a pessoa não pode atender porque está com os filhos. Alguém já ouviu tal resposta?," argumentou a especialista.

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Para a psicopedagoga, a distância que colocamos entre nós e nossos filhos se resume em abrir mão da sensibilidade e da alegria de viver para cumprir um papel que a sociedade nos impõe."Acho que está na hora de nos reinventarmos, de resignarmos alguns pensamentos,algumas ideologia e até mesmos alguns sonhos. Fico pensando nas milhares de mães que saem de casa para trabalhar às 06h da manhã e voltam às 20h e no final do mês recebem 2 ou 3 salários mínimos. Entendo que, às vezes, é preciso trabalhar muito para ter o mínimo, mas como gostaria que todas as mães pudessem sentar-se a mesa na hora do almoço com seus filhos e ouvissem seus contos da experiência matutina escolar, talvez, assim, a família tivesse mais vida".

Conclusão: Resignar, provavelmente, seja a palavra para o tempo que gastamos tentando “ter”. Quem sabe não seja a hora de repensarmos em profissões que permitem uma mudança na rotina, que nos possibilitem trabalhar perto de casa para compartilhamos dos almoços em família ou ainda que nos permitam buscar os filhos na escola ainda de dia. Quando começarmos a não atender os telefonemas com a desculpas que estamos cuidando de nossos filhos estaremos mais próximos de uma educação para a felicidade e para uma vida familiar que permita o desenvolvimento de laços durados, na qual os pais consigam ensinar mais efetivamente aos filhos sobre responsabilidade, autonomia e respeito aos outros. "É isso: é preciso que, no dia-a-dia, os filhos percebam sua importância na vida dos pais. Se o trabalho, o futebol, a novela etc. parecerem sempre mais importantes, eles irão reagir negativamente, é claro. E vale lembrar – para deixar as coisas bem claras - que não se trata de deixar de se dedicar às outras coisas da vida e sim de valorizar o tempo de dedicação aos filhos".

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Por: Monica Pessanha de Azeredo.
Professora de Psicologia e Terapeuta infantil e de adolescentes.

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