Decisão sobre caso de Ferguson gera onda de protestos nos EUA.

Estados Unidos - Daren Wilson, policial da cidade de Ferguson, que matou o jovem negro Michael Brown, de 18 anos, com seis tiros, em agosto, disse que seu procedimento foi correto e está com a “consciência limpa”. Ele também afirmou que poderia voltar a agir da mesma forma. “A razão pela qual estou de consciência limpa é porque sei que fiz o meu trabalho como devia”, disse Wilson à "ABC". Indagado se o incidente terminaria de igual modo se Brown fosse branco, respondeu: “Sim… sem dúvida”.

O policial disse ter temido pela sua vida antes de sacar a arma, segundo ele, foi a primeira vez que a usou em serviço, antes de abrir fogo, matando o jovem negro. Darren comparou Brown ao lutador profissional Hulk Hogan. “Ele me desafiou ... ele ia me matar”, disse Daren, indicando que agiu em legítima defesa.“Naquele momento perguntei-me: Posso matar? Posso fazê-lo legalmente? E o que respondi a mim mesmo foi ‘tenho de’”, afirmou Wilson, indicando que o jovem o agrediu e lhe tentou tirar arma. Agora, Wilson diz apenas querer ter "uma vida normal".


Essa versão contradiz a de algumas testemunhas, como um amigo de Brown, segundo informações do jornal "I". De acordo com esses relatos, Wilson disparou, por várias ocasiões, contra o jovem quando este estava desarmado e com os braços no ar, gesto utilizado agora nos protestos acompanhado do grito: "Não dispare".

Estados Unidos têm onda protestos após absolvição de policial - O caso desencadeou uma série de protestos em todo o país, com várias cidades a prepararem-se para mais protestos, incluindo a pequena localidade, para onde foram destacados mais de 2.200 homens da Guarda Nacional face aos violentos distúrbios da véspera. Os distúrbios na pequena localidade, de pouco mais de 20 mil habitantes, em que se verificaram atos de vandalismo, como pilhagens, resultaram em mais de 80 detidos.
(Crédito da Foto: The Star Tribune, Mark Vancleave/AP)
Na segunda-feira, um grande júri decidiu não avançar com uma acusação contra Wilson, concluindo que agiu de acordo com a lei quando disparou contra Brown. Nesta terça-feira, o advogado da família de Brown, Benjamin Crump, defendeu a “impugnação” do processo que levou o grande júri a não imputar o polícia. “O processo tem que ser impugnado. Temos que mudar o processo em que o procurador local está de acordo com a polícia”, disse Crump, no aeroporto de Saint Louis, aos jornalistas, antes de embarcar num voo para Nova Iorque. “Continuam a fazer a mesma coisa, uma e outra vez. É a definição de insanidade”, sublinhou o advogado, lamentando que se tenha dada tamanha importância à versão dos factos de Wilson.

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“É a sua versão como testemunha interessada. E não deveria ter-se incluído se o procurador tivesse sido imparcial”, disse o advogado, acompanhado pelo pai de Browm, que recusou prestar declarações. Relativamente ao destacamento de mais de 2.000 efetivos da Guarda Nacional em Ferguson para impedir distúrbios como os de segunda-feira, manifestou a esperança de que “tudo decorra de forma segura e em paz”. “Condenamos qualquer tipo de violência, como o acto que matou Brown, a 09 de agosto, e os que ocorreram na noite passada após a decisão do grande júri”, sublinhou o advogado.

Momento Verdadeiro/Com Agências Lusa e iOnline

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